28 julho 2009

Cinquenta vezes cinquenta



Eram dois os projectos que tinha guardados no bolso de trás das calças. Digo eram porque um deles finalmente se mostrou à luz do dia, com uma espécie de capítulo zero, uma premonição do que aí vem.

Incomodado com a estagnação da minha visão fotográfica periférica, precisei de voltar à prancheta de desenho para construir uma realidade fotográfica alternativa à formatação que o dia-a-dia profissional obriga. Cresceu assim a ideia de um projecto vincadamente (saudosamente até?) académico, uma regressão pouco radical mas ao mesmo tempo rigorosa. Não voltei ao filme e aos tanques de revelação, mas voltei, por exemplo, ao constrangimento das primes. É uma concessão entre o prático e o metódico. Não há limite de tempo, não existe um tema, não há preto-e-branco e cor, não há f-stops nem velocidades, não há noite e dia e não há interior e exterior.

O desafio é traduzir uma "n" distância focal em "n" fotos. Infantilmente simples.

O único constrangimento? A distância focal é fixa em cada bloco de fotos. Só quando terminar as X fotos da distância focal X é que passo para a próxima. Não há fotos com distâncias focais intercaladas. Uma espécie de compartimentos estanques.

Vou usar as primes 50mm e 85mm, mais as pontas dos zooms: 16mm, 35mm, 70mm e 200mm. Mais para o final do ano surgirá o universo distorcido da 15mm fisheye.

E no projecto "Cinquenta vezes cinquenta" afinal já só faltam 49...